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sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Misto de brincadeira e homenagem, brasileiro recria hits de pagode em inglês

Pagodeversions traz sucessos de Os Morenos e Só Pra Contrariar.
‘A galera não valoriza o pagode dos anos 90’, diz o músico Túlio Bragança.

Túlio Pires Bragança toca clássicos do pagode em inglês no Youtube. (Foto: Reprodução)

É um vídeo em preto-e-branco, e um sujeito com costeletas toca violão cantando um refrão conhecido: “My God no!/ I can’t face this pain/ That’s called love/ It takes every part of myself/ Day by day, little by little/ I’m already getting crazy just because of you”.

Se o inglês um pouco capenga, digno de tradutor automático não deixa transparecer à primeira vista que música é essa, a melodia é mais facilmente reconhecível. É um trecho de “Que se chama amor”, sucesso do grupo Só Pra Contrariar na década de 90.

O responsável pelo projeto é Túlio Pires Bragança, um redator brasileiro que mora em Buenos Aires. “É uma brincadeira, mas também é uma homenagem”, explica o músico, em entrevista por telefone ao G1.

“Hoje não é mais meu gosto, mas eu fui fã dessas músicas na adolescência. Eu sempre toco pagode no violão, e um dia fiz algumas versões em inglês, só para mandar para os meus amigos, como uma piada interna”, conta.

Ele criou a conta “Pagodeversions” (“versões de pagode”, em inglês) no YouTube e depositou ali algumas pérolas. Além de Só Pra Contrariar, hits de grupos como Molejo (“Caçamba” virou “Bring the caçamba”), Exaltasamba (“Me apaixonei pela pessoa errada” é “I’ve fallen in love with the wrong person”) e Os Morenos (“Marrom bombom” foi traduzida ao pé da letra para “Brown goodgood”) fazem parte do ainda curto repertório.

Semanal

“Agora o projeto vai crescer, estou tentando gravar um por semana, sempre pensando naquele que a letra vai ficar mais engraçada”, planeja Túlio. “Se eu for pensar mesmo, é engraçado que é uma música ‘de corno’, mas em inglês as letras não parecem tão piegas. Porque às vezes não tem tanta diferença de uma letra em inglês com a qual as pessoas se identificam, mas no final querem dizer a mesma coisa – ‘eu te amo, você me deixou e agora eu sofro’’.

Brincadeiras à parte, Túlio defende o pagode como estilo musical. “Foi uma coisa muito importante nos anos 90 e a galera não valoriza. É meio injustiçado mesmo. De um tempo para cá a galera se voltou muito mais para o samba, como Zeca Pagodinho e Jorge Aragão, que são legais – mas de alguma maneira as pessoas renegam o pagode, que é a música do povão. Eu torço muito para que, se vier a moda da volta dos anos 90, volte o pagode.”

O preto-e-branco do vídeo foi escolhido para dar uma “cara” ao projeto. Já os arranjos são mais intuitivos. “Eu lembro das letras, mas uso cifras para tirar os acordes. Também tento fazer as versões ficarem com mais cara de violão, e menos no ritmo do pagode”.

Fã de rock britânico, Túlio largou o pagode quando conheceu o Oasis. Quando morava em Curitiba, tocava violão e cantava na banda Johnz. Em Buenos Aires criou o projeto-solo Buenos Aliens, com composições próprias em português.

Sonho


Sem lugar para tocar suas versões na capital argentina – “aqui eles não têm a cultura de barzinho e violão” – ele não descarta fazer apresentações em alguma viagem para visitar a família e amigos no Brasil. “Se me chamarem eu vou. Imagina só, sonhando alto, um dueto com o Luiz Carlos do Raça Negra. Se o Anderson do Molejo ouvisse a minha versão já ia ser legal”.

Falando por e-mail ao G1, Alex Alves, cantor d’Os Morenos comemora a versão de “Marrom bombom”. “É uma honra saber que a nossa música alcançou este mérito de ser traduzida para outro idioma. Ela foi uma música de grande sucesso no Brasil inteiro e na América do Sul em meados de 95. Inclusive nós fizemos vários shows pelo Uruguai, Paraguai na época, sempre com casa cheia". Agora só falta cantar junto, mas na língua da Rainha.

Amauri Stamboroski Jr. Do G1, em São Paulo

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